Fique de olho: dez principais doenças que atingem a visão

Dizem que os olhos são as janelas da alma. Se isso é verdade não temos como afirmar, mas eles são, sem dúvidas, uma janela para o mundo. Afinal, são responsáveis por cerca de 80% das informações que processamos diariamente e desempenham um papel importantíssimo em nossas relações interpessoais e na forma como interpretamos nossa dinâmica em sociedade.

Tratam-se de órgãos formados por tecidos muito sensíveis. Essa sensibilidade, aliás, é tão grande que, em cada globo ocular, existem 15 vezes mais terminações nervosas que nas pontas dos dedos. Na prática isso quer dizer que, assim como sua sensibilidade, sua fragilidade também é grande. Os olhos podem ser acometidos por uma imensa variedade de problemas, alguns capazes de inclusive de prejudicar a qualidade da visão, trazer desconfortos físicos e, em alguns casos, até mesmo danos estéticos. Pensando nisso, separamos dez doenças que acometem a visão.

1. Miopia

Trata-se de um defeito da visão em que, por aumento da convergência da córnea ou do cristalino ou porque o tamanho do olho é um pouco maior do que o padrão habitual. A convergência acaba ocorrendo antes da retina e por isso a visão fica embaçada. Na prática isso quer dizer que quem tem a doença enxerga objetos próximos com nitidez. E nesses casos, o cenário distante fica de uma forma embaçada. É uma das doenças oculares mais comuns. Ela atinge cerca de 40% da população ocidental, podendo manifestar-se em diferentes graus de intensidade.

A origem da miopia é majoritariamente genética e pode ocorrer em qualquer idade. Quando não tratada, pode causar fortes dores de cabeça e cansaço da vista, decorrentes do esforço visual extra para tentar dar foco ao que se vê. Infelizmente não existem meios para prevenir a doença. O tratamento consiste no uso constante de óculos ou lentes de contato, sempre com o monitoramento de um oftalmologista. Em alguns casos também pode ser indicada a cirurgia.

2. Hipermetropia

Na hipermetropia a convergência final dos raios de luz que penetram pela córnea acaba ocorrendo num ponto atrás de retina. O resultado é o oposto da miopia: a pessoa enxerga mal de perto e bem de longe. Também é uma condição muito comum, em especial entre crianças, e é causada por alterações no formato da córnea, do cristalino ou nas situações em que o olho é um pouco menor do que o comum. Pode acontecer em diferentes graus de intensidade.

Também é uma doença de origem genética, mas também aparece associada a casos de estrabismo na primeira infância. Os desconfortos que provoca são muito semelhantes ao da miopia: dor de cabeça, sensação de cansaço e desconforto visual. Outra semelhança é que não existem meios para prevenir a hipermetropia, e seu tratamento também consiste no uso de óculos ou lentes de contato, acompanhamento médico e, em casos mais intensos, cirurgia.

3. Astigmatismo

O astigmatismo é determinado por uma diferença entre a curvatura da porção vertical e a curvatura da porção horizontal da superfície anterior do olho, ou seja, da córnea. A maioria das pessoas tem um certo grau de astigmatismo assintomático, porque a córnea é ovalada, parecida com uma bola de futebol americano.

Sua origem pode ser hereditária (na formação dos olhos). Mas as alterações na curvatura do olho características do astigmatismo podem  ser provocadas por acidentes , doenças ou pode ser induzido também pelo ato de coçar os olhos. Seus desconfortos também envolvem dores na cabeça e na região ao redor dos olhos, além de fadiga visual. Sua correção consiste no uso de óculos ou lentes de contato, e cirurgia para os casos mais graves.

4. Catarata

Trata-se de uma lesão ocular que atinge e torna opaco o cristalino (lente situada atrás da íris cuja transparência permite que os raios de luz o atravessem e alcancem a retina para formar a imagem), o que compromete a visão. A evolução costuma ser lenta, e a doença pode afetar primeiro um dos olhos e só mais tarde o outro. Como os raios luminosos não conseguem atingir plenamente a retina onde se situam os receptores fotossensíveis, o portador de catarata tem dificuldade para enxergar com nitidez. No início do problema, a pessoa vê como se a lente dos óculos estivesse embaçada ou como se houvesse uma névoa diante dos olhos. Com o avanço da doença, porém, a dificuldade aumenta progressivamente e a pessoa passa a enxergar apenas vultos, evoluindo, às vezes, até a cegueira.

A catarata pode ser congênita (casos raros) ou adquirida. A principal causa da doença é o envelhecimento. Embora o problema apareça geralmente em indivíduos com mais de 50 anos, há casos de crianças que já nascem com a doença. Esses casos pode se dar por problemas genéticos ou porque as mães tiveram rubéola, sífilis ou toxoplasmose no primeiro trimestre de gestação. Outras causas de catarata são diabetes, uso sistemático e sem indicação médica de colírios, especialmente dos que contêm corticoides, inflamações intraoculares, traumas como socos ou batidas fortes na região dos olhos e excesso de radiação.

O único tratamento para catarata é o cirúrgico. O objetivo da cirurgia – simples, rápida e feita sob anestesia local – é substituir o cristalino danificado por uma lente artificial que recupera a função perdida. Essa lente pode ser de vários tipos e corrigir vários problemas de visão. É possível implantar lentes especiais que permitem eliminar os óculos para longe e, em alguns casos, os óculos para perto.

5. Estrabismo

É um distúrbio que afeta o paralelismo entre os dois olhos, que apontam para direções diferentes. Esses desvios oculares podem ser constantes e ocorrer sempre no mesmo olho (monoculares). Além disso, podem manifestar-se ora num, ora no outro olho (alternantes). Podem, ainda, ser intermitentes (surgem só de vez em quando) ou latentes, também chamados de forias, quando a perda do alinhamento só fica visível sob certas condições, o que ocorre nas fotografias, por exemplo.

Alguns fatores podem comprometer o funcionamento harmônico dos seis pares de músculos responsáveis por comandar o movimento dos olhos e provocar o estrabismo. Entre as causas prováveis, destacam-se a dificuldade motora para coordenar o movimento dos dois olhos; grau elevado de hipermetropia, que obriga forçar a aproximação dos olhos para compensar a dificuldade de visão (endotropia acomodativa); baixa visão em um dos olhos; doenças neurológicas (AVC, paralisia cerebral, traumas), genéticas (síndrome de Down), oculares (catarata congênita), infecciosas (meningite, encefalite), da tireoide, diabetes e hereditariedade.

O tratamento do estrabismo começa pela correção das causas que provocaram o distúrbio. Quanto antes for instituído, melhores e mais rápidos serão os resultados. As medidas terapêuticas têm por objetivo principal corrigir os problemas visuais e incluem aplicação de colírios. Mas também podem indicar o uso de óculos, exercícios ortóticos para o fortalecimento dos músculos, tamponamento do olho com visão normal para estimular o outro com deficiência, especialmente nos casos de ampliopia, conhecidos popularmente como olho preguiçoso. A cirurgia só é recomendada quando o desvio se mantém depois de corrigido o distúrbio que comprometia a visão. O tamanho do desvio é que determina se os músculos de apenas um ou dos dois olhos devem ser operados.

6. Glaucoma

É uma doença ocular causada principalmente pela elevação da pressão intraocular. Ela provoca lesões no nervo ótico e, como consequência, comprometimento visual. Se não for tratado adequadamente, pode levar à cegueira. O glaucoma crônico simples ou glaucoma de ângulo aberto, que representa mais ou menos 80% dos casos, incide nas pessoas acima de 40 anos e pode ser assintomático. A principal característica do glaucoma de ângulo fechado é o aumento súbito de pressão intraocular. O glaucoma congênito (forma mais rara) acomete os recém-nascidos. O glaucoma secundário é decorrente de enfermidades como diabetes, uveítes, cataratas, entre outros.

A perda visual só ocorre em fases mais avançadas e compromete primeiro a visão periférica. Depois, o campo visual vai estreitando progressivamente até transformar-se em visão tubular. Sem tratamento, o paciente fica cego. No começo o tratamento é clínico e à base de colírios. Existem drogas por via oral que só são usadas em casos emergenciais.

7. Conjuntivite

A conjuntivite caracteriza-se pela inflamação da conjuntiva, membrana transparente e fina que reveste a parte da frente do globo ocular (o branco dos olhos) e o interior das pálpebras. Em geral, ataca os dois olhos, pode durar de uma semana a 15 dias e não costuma deixar sequelas. A doença pode ser causada por reações alérgicas a poluentes. Mas também pode ser por causa de substâncias irritantes como cloro de piscinas, por exemplo, e por vírus e bactérias. Neste último caso ela é contagiosa. Entre os sintomas estão olhos vermelhos e lacrimejantes, pálpebras inchadas, sensação de areia ou ciscos nos olhos, secreção e coceira.

O tratamento é feito lavando os olhos e fazendo compressas com água gelada, que deve ser filtrada e fervida, ou com soro fisiológico. Para a conjuntivite viral não existem medicamentos específicos. Cuidados especiais com a higiene ajudam a controlar o contágio e a evolução da doença. Acima de tudo, é importante não se automedicar. A indicação de qualquer remédio só pode ser feita por um médico. Alguns colírios são altamente contraindicados porque podem provocar sérias complicações e agravar o quadro.

8. Terçol e Calázio

É comum que as pessoas acreditem que todas as lesões da pálpebra são terçóis. No entanto, existem duas patologias diferentes responsáveis por seu aparecimento: uma com infecção, o terçol, e a outra sem infecção, o calázio. O terçol é provocado pela inflamação das glândulas Zeis e Mol. A lesão se instala mais na borda da pálpebra, perto dos cílios, e vem acompanhada dos sinais típicos de infecção provocada por bactérias: dor, rubor e calor. Em geral, a ferida drena e desaparece espontaneamente. Já o calázio é provocado pela inflamação da glândula de Meibômio. Esse processo inflamatório não é produzido por bactérias. O aparecimento frequente de calázios pode ser indicativo de algum defeito de refração do olho.

O tratamento do terçol é feito com aplicação local de calor úmido. Nos casos de infecção por bactérias, o oftalmologista irá indicar a aplicação de colírios ou pomadas com antibióticos. No tratamento do calázio, utilizam-se compressas de calor úmido. Medicamentos com corticoides e antibióticos também podem ser indicados. Se o quadro se repetir com frequência, deve ser pedida uma avaliação refracional dos olhos.

9. Descolamento de retina

É uma alteração que se caracteriza pelo desprendimento da estrutura da superfície interna do globo ocular. Essa separação interrompe o fornecimento de nutrientes e promove a degeneração celular. O descolamento da retina é uma urgência médica. Se não for tratado convenientemente e depressa, pode evoluir para perda total da visão.

Pode ser provocado por uma ruptura por onde penetra o vítreo que se deposita entre a camada da retina onde estão os fotorreceptores e a camada onde se localizam os vasos sanguíneos que lhe fornecem nutrientes. Esse tipo de descolamento recebe o nome especial de regmatogênito. Pode ocorrer, também, não por ruptura, mas por tração ou repuxamento na região da retina onde se formaram aderências em virtude de alterações no vítreo. Esse se torna mais fluido com o passar da idade (descolamento não regmatogênito ou tracional). Mas ainda pode ser provocado por tumores ou doenças inflamatórias (descolamento exsudativo) que favorecem o acúmulo do fluido sob a retina. A indicação do tratamento depende diretamente do tipo, gravidade e extensão do descolamento.

10. Presbiopia

Conhecida como “vista cansada”, trata-se de uma condição recorrente entre indivíduos com mais de 40 anos, a média brasileira é para pessoas com mais de 42 anos . Consiste na perda do poder de foco da visão por conta da diminuição da elasticidade do cristalino, evento comum na meia-idade, por exemplo.

A presbiopia traz sintomas como visão embaçada, comprometimento da nitidez das formas e dificuldade de leitura. Além disso, ajustam o foco da visão rapidamente, que geralmente vêm acompanhados de dores na cabeça e na região dos olhos. Seu tratamento é majoritariamente feito através de lentes multifocais. A sua prevenção é improvável, por ser um evento relacionado ao envelhecimento do corpo.

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