Gastrite: você sabe o que é?

Conversamos com a Dra. Maria Aparecida Damian Ribeiro, gastroenterologista da Clínica Santa Maria, que falou um pouco sobre a doença

“Nossa, minha gastrite está atacada.” Quem nunca ouviu alguém dizendo isso? Há quem diga que a gastrite é uma doença da modernidade. Mas o curioso é que, embora muitas pessoas falem sobre o assunto, a maioria não faz ideia do que se trata.

De acordo com a Dra. Maria Aparecida Damian Ribeiro, gastroenterologista da Clínica Santa Maria, a gastrite é uma inflamação no estômago. “Muitas pessoas usam esse termo como definição de sintomas, tais como azia ou queimação, mas isso não é correto”, explica. Segundo a médica, o diagnóstico é feito por meio de uma endoscopia ou por exame histopatológico. “Até a confirmação com esses métodos, podemos dizer que o paciente tem sintomas dispépticos cujo diagnóstico pode ser variado. Isso resulta desde um paciente sem qualquer lesão, até aqueles com variados graus de gastrite ou até mesmo úlceras”, explica.

Ainda segundo a especialista da Clínica Santa Maria, existem vários tipos de gastrite. “Há aquelas em que a mucosa está apenas inflamada. Por outro lado, outras onde existem feridas — a gastrite erosiva, também de graus e tipos variados —, além das alterações relatadas a partir de biópsias. Nesses casos, o material retirado pode mostrar desde alterações discretas pela inflamação, até agressões acentuadas que são consideradas pré-malignas. Ou seja, em alguns casos, a doença pode evoluir para um câncer gástrico”, diz.

A gastroenterologista afirma que os dois grandes fatores causadores da gastrite são a presença de uma bactéria no estômago — Helicobacter pylori — e o uso de anti-inflamatórios. “Outros fatores, como alimentação e estresse, são discutíveis. Eles podem potencializar sintomas, mas não há como afirmar que isoladamente são os responsáveis pela gastrite”, explica.

Já os sintomas da gastrite variam. “Há pacientes que não apresentam qualquer sintoma. Outros têm queixas variáveis, como queimação, azia, náuseas, dor abdominal ou empachamento”, explica. É aí que a avaliação médica se faz imprescindível. “Só o médico tem como avaliar quais pacientes merecem uma investigação mais aprofundada. O profissional identifica quais necessitam apenas de uma orientação sobre hábitos alimentares e de vida”, comenta.

Tratamento

Como as causas e os graus da gastrite são variáveis, o tratamento também é. “A gastrite tem cura em grande número de casos. Em outros, o controle é feito durante toda a vida, muitas vezes com medicamentos além da orientação dietética”, explica a médica, que ainda exemplifica: “Certamente, se a causa da gastrite é o uso crônico de anti-inflamatórios o medicamento deve ser suspenso, quando possível. Portanto, quando não, vale associar o uso de outros medicamentos para ‘proteger’ o estômago. Se a causa é o H. pylori, o tratamento e a erradicação de bactérias muitas vezes resolvem o problema. Enfim, cada caso, um tratamento”, conclui.

Em suma, muito embora a alimentação tenha apenas um papel intensificador de sintomas na gastrite, a Dra. Maria Aparecida salienta que é comum que o médico peça que se evite alimentos que, sabidamente, interferem na acidez e, em muitos casos, com o refluxo gastroesofagiano. “Alguns exemplos são café e outros alimentos à base de cafeína, como chá preto ou mate, frutas cítricas, condimentos, gordura, refrigerantes à base de cola e bebidas alcoólicas, principalmente as fermentadas”, explica. “A questão é que a educação alimentar é fundamental em todo o funcionamento do nosso organismo e, no aparelho digestório, ainda mais. Por isso, é importante ter a alimentação mais saudável possível, em qualquer circunstância”, finaliza.

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