Dormir é parte fundamental da vida e, principalmente, da saúde do indivíduo. O problema é que, nos últimos 25 anos, ficou claro que a apneia do sono tem sido um fator que afeta esse momento tão importante. Ela é uma condição que desorganiza os movimentos respiratórios. Em suma, sem um sono revigorante, a vida se torna um fardo insuportável.
O que é?
De acordo com o Dr. Vinicius Campos Coelho, otorrinolaringologista da Clínica Santa Maria, a apneia é caracterizada por episódios repetidos de obstrução completa ou parcial da via aérea durante o sono. “Esses eventos frequentemente podem resultar em redução no fluxo de oxigênio, resultando em vários despertares ao longo da noite. Estes episódios duram pelo menos 10 segundos e podem ocorrer em qualquer estágio do sono”, explica o especialista.
Mas o que leva a essa condição? “Os fatores causadores são diversos: obesidade (principalmente abdominal), anormalidades no crânio e na face, flacidez na musculatura do céu da boca e do tecido linfoide da faringe, obstrução nasal, doenças endócrinas como hipotireoidismo e acromegalia e histórico familiar”, enumera.
Sintomas
A doença é famosa por provocar roncos, mas seus sintomas vão além. “Para quem tem apneia do sono é comum ter muito cansaço ao acordar, com aquela sensação de que o sono não foi reparador mesmo após uma noite inteira de sono. Em consequência, há uma piora significativa na qualidade de vida, podendo até mesmo tirar o paciente das suas rotinas diárias”, diz o otorrinolaringologista.
Fatores associados
É claro que, justamente por seus sintomas, ter apneia do sono e não tratá-la pode trazer consequências preocupantes. De acordo com o Dr. Vinicius, a condição está associada a hipertensão arterial sistêmica, arritmias cardíacas, palpitações, angina noturna (dor no peito durante a noite), refluxo gastresofágico, diminuição na cognição comprometendo a qualidade de vida e, principalmente, insônia.
Diagnóstico e tratamento
Uma vez que os sintomas são detectados é de fundamental importância procurar por ajuda médica. O diagnóstico pode ser feito por meio de várias frentes. “A polissonografia é o principal exame diagnóstico. Ele consiste em registrar por pelo menos seis horas os parâmetros cerebrais e neuromusculares. É possível fazer também a tomografia computadorizada, para avaliar anormalidades nos ossos da face. E além disso, a videoendoscopia nasal, para avaliar o aumento dos tecidos na nasofaringe, como adenoide ou alterações de fundo alérgico”, diz o Dr. Vinicius.
Já o tratamento é baseado na tentativa de melhorar a qualidade do sono do paciente. “Varia de tratamento clínico, com mudanças de comportamento como diminuir a ingestão de álcool, mudança na posição de dormir (sempre de lado) e dieta para reduzir a obesidade. Podemos usar equipamentos que ajudam na respiração, como CPAP, ou também avaliar a abordagem cirúrgica (uvulopalatofaringoplastia)”, explica.
Mas o médico é enfático: trata-se de uma doença de difícil tratamento definitivo. “Porém, com o paciente levando com seriedade o tratamento proposto pelo otorrinolaringologista, o controle dos sintomas na maioria das vezes é atingido com êxito”, anima-se o especialista, que ainda completa: “O mais importante é o paciente no início de qualquer sintoma relacionado ao sono procurar imediatamente o otorrinolaringologista, para evitar as complicações relacionadas a doença”.